sábado, 8 de junho de 2013

Sensor Pro Amor.

Domingo pela manhã. O celular toca. Em meio a lençóis e raios de sol iluminando o ambiente, você o encara. Mas não atende. Não é preciso olhar para adivinhar quem está chamando. Você sabe. Não é nenhum estranho, nem um simples conhecido. Olhando o vazio do teto, enquanto em sua mente se passam mil e uma histórias, o celular continua tocando. Logo surgem lembranças de dias e noites nos quais a diversão foi em dupla. Você se lembra de que, mesmo que por alguns minutos ou horas, essa companhia fez você esquecer do mundo e se concentrar naquele momento. Mas o tempo passa. Horas, dias, semanas. E aquele momento passa ser tão real quanto um sonho lúcido. Você até duvida de que aqueles dias realmente existiram. Você não queria que eles realmente tivessem existido, foi só casual.

A saudade pós-ficada é a pior de todas. Ela vem como uma flecha no peito, silenciosa o bastante para não ser notada e tão rápida que nenhuma armadura consegue parar. Junto dela, vem uma dose de esperança, que enche a mente de expectativas muito maiores do que ambos os lados gostariam. Junto com a saudade, vem a carência e a dúvida. Todo esse redemoinho de sentimentos chacoalha os pensamentos da mesma forma que um liquidificador tritura os ingredientes de um bolo. O resultado é uma mistura líquida de desilusão com uma pitada de não correspondência. Misturas como essa, que agora, povoam a mente de quem fez a chamada.

É incrível como existe tanta gente solteira e infeliz. Duas coisas que não deveriam andar do mesmo lado da estrada. Antes de dividir sua alegria com alguém, é preciso que ela esteja inteira em você. Mas apesar disso, em grande parte das situações, fechamos nossos sensores. Seja um convite pra pegar um cinema com aquela pessoa ou algo menos óbvio, como uma simples saída com os amigos. O fato é que sempre tentamos fugir de novas experiências. Queremos algo, mas temos medo de experimentar. E sempre temos uma desculpa pronta. Rotina. Trabalho. Tempo. Mas a verdade é que não queremos. Não prestamos atenção. Não nos empenhamos. Temos preguiça. Às vezes o que buscamos , a chance que tanto queremos, pode já estar do nosso lado, na sala de aula, no trabalho, no trânsito. E muitas vezes, quando a encontramos, a deixamos escapar. Não, o que procuramos nunca vem com um sinalizador. Ou com um farol ou uma placa enorme. Vem sem nenhum aviso. Vem sorrateiro. Disfarçado. Silencioso. E passa mais rápido do que pensamos. Se não conseguirmos identificar o que buscamos por baixo de sua simplicidade, ela vai embora, e há grandes chances de que ela nunca mais retorne.

Sabe aquele encontro de uns dias atrás? Aquele jantar romântico depois daquela sexta-feira chata? Aquele cara que se encantou com seu sorriso e conta as horas pra te ver? Aquela garota que encara seu nome como sinônimo de saudade? Talvez o que você procura esteja ali, sob o disfarce de um lance casual. Não tenha medo de experimentar o novo, de levar um fora, de ser taxado de infantil e ingênuo, de se entregar. Nenhum ato em nome de um final feliz, por mais impossível e doloroso que possa parecer, é pior do que o arrependimento de nunca ter compartilhado. Portanto, erre mais. Aprenda mais. Arrisque mais. Se esforce mais. Se entregue mais. As coisas boas virão com o tempo.

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