sábado, 25 de março de 2023

De gênio e LOUCO, todo mundo tem um pouco.

 



Durante toda a minha vida, eu fui chamada de LOUCA.

Sim. Essa palavra. Ou eufemismos como "Você precisa se tratar", "Você está com graves problemas psicológicos" entre MUITAS outras coisas.

As minhas mudanças de fase - provocadas por um encerramento de ciclo como término do colégio, da faculdade, etc, eram momentos que me faziam ficar MUITO mais intensa do que eu já era.

Nesses momentos, eu queria crescer. Queria *ir pro mundo*.


Mas, minha família, por estar assustada com TUDO aquilo e não saber o que estava acontecendo, ao invés de tentar conversar comigo, ME OUVIR.. Me JULGAVA.


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Nunca me esqueço de quando eu tive lá pelos meus 23 anos. Eu tinha voltado a morar com os meus pais por causa de uma oportunidade de estágio depois de 8 meses de *independência e liberdade*, vendo eles somente aos finais de semana.


Eu estava fazendo TCC, meu estágio estava chegando ao fim e era um momento MUITO intenso pra mim.


Porque, *além de lidar com as MINHAS próprias inseguranças sobre o futuro incerto* depois daqueles 4 anos de faculdade, eu ainda tinha que lidar com a *COBRANÇA ininterrupta dos meus pais.*


Que achavam que o emprego viria mais rápido se eles ficassem me provocando, me "perturbando". Me enchendo o saco.


Nunca esqueço de uma frase que meu pai falou pra minha mãe: *"A gente tem que encher BASTANTE o saco dela. Só assim pra ver se ela se toca e para de ficar à toa em casa e vai trabalhar.*


Como se fosse uma ESCOLHA MINHA.


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O que eles não entendiam é que, além de não ajudarem em NADA naquele processo TÃO doloroso, ainda ATRAPALHAVA.


Porque a minha ansiedade era TÃO grande pra conseguir arrumar logo um emprego pra ter um mínimo de PAZ dentro daquele apartamento minúsculo, que eu quase aceitei empregos ABSURDOS. Só pra dizer que eu estava trabalhando.


Como, por exemplo, ficar falando em inglês com gringos em um site de relacionamento para conseguir extorquir dinheiro deles.


Sim. Eu, recém formada em Publicidade e Propaganda, com toda essa minha facilidade pra escrever, quase aceitei ser basicamente uma *"garota de programa online"* pra conseguir FINALMENTE o emprego que eles TANTO me perturbaram diariamente para eu conseguir.


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Ou então trabalhar como assistente de marketing em uma empresa que dizia que, através de uma medicina alternativa, chegaria a um nível de conseguir MEXER UM OBJETO COM O PODER DA MENTE.


Nesse, eu cheguei a ser contratada. Mas, no primeiro dia de trabalho, enquanto a menina me dava o treinamento e me explicava a ciência por trás do que eles faziam, eu fui fazendo os questionamentos e quando ela falou sobre MOVER OBJETOS COM A MENTE, eu quase ri na cara dela.


Cheguei em casa contando para os meus pais sobre aquilo e eles me ajudaram a enxergar que eu não poderia trabalhar em algo que EU não acreditava.


Por causa disso, eu nunca mais voltei.


E a vaga da "garota de programa online", eu fiquei empolgada com a oportunidade. Cheguei a ir um dia. Tirei as fotos pra aparecer no site.


Quando cheguei em casa contando pra eles qual seria o meu dia a dia, eles não deixaram eu embarcar nessa furada. E nunca mais voltei também.


E aí, depois de MUITA busca, apareceu a vaga de digitadora no maior e mais respeitado jornal do país, cujas crônicas da Martha Medeiros, minha autora preferida e que fez com que eu me APAIXONASSE me leitura - e que, inclusive, me inspirou no meu tipo de escrita (crônicas como essa que escrevo agora), eu não tive dúvidas de que era ali que eu tinha que ficar.


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Minha mãe me levou até lá de carro pra fazer a entrevista. Para que não corresse o risco de eu chegar atrasada e ficou me esperando terminar.


Quando TODOS os outros candidatos, simplesmente, saíram da sala ao ouvir o valor baixo de salário e fiquei somente eu, eu não tive a menor dúvida: EU SÓ QUERO UMA OPORTUNIDADE.


E foi isso que eu precisei. Uma OPORTUNIDADE.


Para mostrar quem eu era. Para mostrar o QUANTO eu tava disposta a crescer ali dentro.


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Nesse mês de março, completo OITO ANOS de empresa.


E essas datas são muito marcantes pra mim porque me fazem relembrar de TUDO que eu vivi ali dentro.


E eu só tô ali esse tempo TODO porque, apesar de o salário ser abaixo do esperado do mercado, eu me SINTO valorizada.


Eu sou DESAFIADA constantemente.


A cada projeto novo que eu participo - como o que eu estou começando agora, eu me sinto MOTIVADA. A crescer. A sempre DAR O MEU MELHOR. E a entregar o resultado mais satisfatório, incrível e em menos tempo quanto for possível.


E é por isso que, muitas vezes, eu acabo até me precipitando.


Mas ali eu NÃO TENHO MEDO.


Eu não sou julgada.

Ali não me chamam de "louca". 


Procuram entender as minhas "loucuras".

E, JUSTAMENTE, por eles sempre me ouvirem e entenderem as minhas loucuras, os meus processos, as minhas mudanças de fase e TUDO isso que eu sou - Que não é NADA pouco, é que eu AMO estar ali.


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Quero e PRECISO crescer financeiramente.

Quero me desenvolver, ser promovida.


Mas, acima de TUDO, eu PRECISO ser RESPEITADA no processo.


E é esse RESPEITO. Principalmente por QUEM EU SOU, que me faz continuar ali.


Que me faz trabalhar, muitas vezes até de madrugada por prazos que EU MESMA me dou.


E não porque eu sou COBRADA por eles.


Mas porque, acima de TUDO, por durante toda a minha vida eu ter sido cobrada o TEMPO INTEIRO.. Eu me cobro MUITO mais do que qualquer outra pessoa.


E, justamente pelos meus gestores ME CONHECEREM, verdadeiramente. Durante esses OITO ANOS é que eles me compreendem. Conversam comigo. Procuram ENTENDER o que eu tô passando.


E não apenas julgam as minhas escolhas ou a minha escolha de palavras erradas em um momento de muita intensidade e privação de sono devido a essas mudanças de fase, que acabam me deixando muito agitada e sem filtro.


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É JUSTAMENTE por isso que eu AMO o que eu faço.


E, pra mim, NADA na minha vida é sobre dinheiro.


Mas sobre seguir a frase que meu pai sempre repetiu para mim e para os meus irmãos, O TEMPO TODO dentro de casa (chegava a ser até irritante em alguns momentos, confesso 😅): *Trabalhe com o que você gosta que você nunca vai precisar trabalhar*.


E, apesar de ser um pouco UTÓPICA essa frase porque TODO trabalho requer dedicação, ainda assim, hoje quando eu passo horas envolvida com um projeto em que eu nem vejo o tempo passar e preciso correr pra dar tempo de almoçar antes de alguma reunião por exemplo, eu digo que sei COMPLETAMENTE o que é essa sensação que ele sempre teve no trabalho dele.


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Eu AMO o que eu faço.


Eu AMO ser uma COMUNICADORA. 


E hoje, quase 10 anos de formada, 8 anos no jornal, com a minha empresa de Marketing aplicado ao Design Gráfico, com o meu podcast e com a minha vida de escritora finalmente fluindo, eu posso dizer com clareza: *EU ME SINTO FELIZ. REALIZADA.*


E não há dinheiro NENHUM no mundo que pague isso. 💜


- Tatianna Reiniger.