domingo, 28 de dezembro de 2014

Retrospectiva.

Dois mil e catorze foi um ano não muito bom na minha vida. Posso dizer que, nesse ano, mais perdi do que ganhei. 

Ganhei uma festa linda de formatura, mas perdi a segurança da faculdade.

Me afastei daqueles que estavam comigo diariamente e tive que aprender a ser mais sozinha.

Perdi várias oportunidades de emprego, fiz inúmeras entrevistas. E só depois de muito tentar é que finalmente consegui: um trabalho temporário, de casa.

Fiquei ainda mais em casa do que já ficava. Conheci novas pessoas, mas a maioria delas apenas pela Internet. 

Chorei, me estressei e se estressaram comigo. Mas descobri a fidelidade de algumas amizades. 

Senti saudades, me senti sozinha. Mas encontrei conforto na minha família. 

E ainda nesse ano descobri o que é ser tia. O que é sentir amor por uma pessoinha que ainda nem havia nascido. 

Em 2014, ganhei três novos cachorros que me deram muitas felicidades. E perdi uma que estava há muito tempo comigo, o que me deu uma grande tristeza.

Nesse ano eu errei muito, mas consegui errar menos do que no anterior. E é assim que pretendo seguir. 

Para o novo ano, não farei listas, promessas nem criarei grandes expectativas. Só quero um ano melhor do que o anterior. 

Quero poder curtir minha família e ter um emprego pra chamar de meu. No amor, gostaria de novidades sim, mas quero que aconteça apenas quando realmente for pra acontecer. E que seja por inteiro. Chega de metades.

Que 2015 traga o dobro de felicidade que 2014 me trouxe. Feliz ano novo!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Meu Desejo Para 2015.

Que você consiga uma casa maior, mas que quase todos os cômodos fiquem vazios por sua família estar unida ao redor de uma única mesa.

Que você compre o carro dos seus sonhos, e descubra que ele pode ficar parado na garagem enquanto você caminha de mãos dadas por um parque.

Que você realize o desejo de comprar uma TV enorme, 3D, com home theater, mas que ela permaneça desligada durante o jantar, para que você possa ouvir como foi maravilhoso o dia da sua família.

Que sua conta bancária esteja satisfatoriamente recheada, mas sobretudo, que você tenha em seu bolso um ou dois reais para comprar algodão doce e saboreá-lo sujando os dedos.

Que você tenha um excelente plano de saúde, mas que se esqueça que ele existe por não precisar usá-lo.

Que você jante em badalados restaurantes para descobrir que a maior cheff que existe, cozinha todos os dias dentro da sua casa.

Que sua internet trafegue em altíssima velocidade, mas que sua melhor rede seja aquela pendurada entre duas árvores, onde você possa ouvir os pássaros cantarem.

Que você tenha um smartphone de última geração, mas que não precise usá-lo para dizer às pessoas mais importantes da sua vida o quanto elas são especiais.

Que você tenha um tablet, mas que use mais as pontas dos seus dedos para fazer cafunés do que para mandar e-mails.

Que você possa comprar boas roupas, bolsas e relógios, mas que sua verdadeira marca seja a "inspiração" deixada pelos lugares por onde passará.

E que assim, conquistando tudo o que você sempre quis, você descubra que mais importante do que aquilo que você tem, é o que você faz com tudo o que conquistou.

- Mauricio Louzada.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Meu Smartphone E Eu.

Há quem ainda vive, por opção ou falta dela, sem smartphone. Eu mesmo conheço uns e outros resistentes à evolução do dispositivo tão maldito por Giorgio Agamben, que o acusou de deixar "mais abstratas a relação entre as pessoas". Mas, apesar de toda a aversão de Agamben e de outros tantos filósofos, o celular – e mais precisamente o smartphone – tornou-se um item essencial no inventário dos que se aventuram nesse mundo pós-moderno.
Eu e meu smartphone, por exemplo, nos tornamos grandes amigos, até porque meus amigos estão nele, nos aplicativos de mensagens instantâneas e nas redes sociais. Já nem lembro da voz de alguns deles; mas sei como escrevem, conheço sua sintaxe e suas onomatopeias de risada. Vejo quando estão felizes ou tristes por meio de uma bolinha amarela que reproduz expressões faciais e funciona tão bem quanto o mais realista dos androides.
Meu smartphone e eu andamos de ônibus juntos, estudamos juntos, dormimos juntos; se esqueço, ele me lembra; se durmo demais, ele me acorda. Ele é muito inteligente, às vezes, mais inteligente do que eu. Não faço ideia de como se chama a capital do Camboja, mas meu smartphone sabe – "Phom Penh", ele acaba de me dizer –, e por isso eu o amo, por isso hippies e terroristas, cariocas e paulistas o amam.
Um smartphone vale por uma biblioteca, vale por um jornal, vale por um álbum de fotografia... vale por muito. Porém me dói quando vejo que pessoas reunidas no mesmo lugar, para o mesmo fim, às vezes preferem a virtualidade de seus smartphones e deixam de interagir com quem está próximo, e o pior, deixam de perceber muitas das coisas que acontecem ao seu redor.
No geral, meu smartphone e eu nos damos bem, exceto quando sua bateria acaba em hora indevida, ou quando seu Sistema Operacional resolve travar e me chamar de idiota. No entanto, nada se compara ao princípio de pânico que me toma quando esqueço o lugar onde o deixei e vou procurando por ele de um lado a outro, como se uma parte de mim (o coração) estivesse se afastando pouco a pouco, até que por fim o encontro, com os olhos marejados, e ele me faz prometer que coisas assim nunca mais vão acontecer.
Eu e meu smartphone dependemos um do outro, mas eu sei que tenho tudo sob controle, que minha relação com ele não vai nos atrapalhar no nosso dia-a-dia. Meu smartphone e eu deixamos isso bem claro, na terapia que recomendaram pra gente.

- Danilo Giógenes.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Por Um Amor Que Transborde.

Como a gente mensura um relacionamento que vale a pena quando continuamos insistindo nos mesmos buracos vazios só pra não nos sentirmos sozinhos? Acho que é isso que tenho tentado fazer. A busca por companhia é tão grande e tão forte, abre tanto um buraco grande aqui dentro, que a gente se desespera e tenta tapar o sol com peneira. Daí vem um e não resolve, a gente tenta outro. Dez. Vinte. Trinta pessoas. Mas as pessoas não são argamassa. E nenhuma delas vai preencher o buraco só porque a gente quer, na hora que a gente precisa, do jeito que a gente espera que seja. Nada é tão fácil assim, muito menos amor. Mas eu não quero desistir.
Eu quero algo que vá além de um encontro casual ou uma paixão ordinária que não subiu a serra, não dobrou a esquina, não bateu na minha porta. Quero um amor que me ensine a amar com calma, bem devagarinho, que tenha paciência com as coisas erradas e os erros que vou cometer pelo caminho. 
Quero algo que me faça olhar pra dentro e revirar umas partes que eu mantinha escondidas, que eu tinha medo de mostrar ou encostar porque doía – e vai doer, mas vai fazer bem. 
Quero um amor desses que fazem a gente correr no parque às 8h da manhã e ligar para a melhor amiga pra contar sobre o sorriso, o sexo, o cafuné, o tempo espreguiçado na cama com as luzes apagadas. Quero um amor de conchinha (mesmo que eu odeie dormir agarrada). 
Quero um amor, por mais que às vezes pareça que não quero, por mais que me esconda por trás de um discurso tão vazio quanto aquele que eu sinto. Quero um amor amado que não seja otimista nem pessimista, desses que falam do copo meio cheio ou meio vazio. Que se danem as metades incompletas! Eu quero mesmo é um amor que transborde.
- Daniel Bovolento, Adaptado.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Brasil.

Sinceramente, futebol não me representa.

O meu amor pelo país não será amarrado numa chuteira, ele segue no dia a dia, na luta. Minha força é mostrada quando insisto em ser honesta, em trabalhar, em estudar, em lutar por um mundo melhor.

Recuso a mediocridade de querer ser a nação do futebol, do samba e da alegria. Quero mais. Quero saúde decente, para que meus avós não tenham morrido em vão; Quero educação de ponta para os filhos que terei; Quero honestidade em cada político eleito, em cada brasileiro que vive em nosso solo; Quero segurança, para não ter mais que assistir pela TV alguma mãe abraçada ao seu filho morto; Quero uma vida digna, de fato.

Temos muito a mudar, conscientizar e evoluir. E isso terá um gosto salgado, seja do nosso suor, seja de nossas lágrimas. Alegria alienada não traz nada de produtivo. Ao contrário, nos faz achar que ficará tudo bem.

Lamento pelos ufanistas utópicos, mas queridos, não ficará. Pelo menos não enquanto não desapegarmos do sentimento de inferioridade e aceitação.

Agora é a hora. Vamos absorver o impacto da pancada e aprender com ela. O jogo da vida começou. Chute essa bola. Jogue para as crianças que ainda não viram um país de verdade. Jogue por uma vida digna! Eu acredito. ‘Somos uma Legião’.

Lívia Castro, Adaptado.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Os Homens Que Eu Conheço.

Os homens que eu conheço são tardios. Tardios porque só se dão conta de que as mulheres importantes que aparecem em suas vidas são importantes, a partir do momento que elas decidem não mais ser. 

Os homens que eu conheço não possuem motivos para irem embora. Mas vão. Porque são os homens. São os homens que eu conheço.

Os homens que eu conheço não se arrependem, desprendem-se em fração de segundos. Não imploram, não suplicam, aceitam. Ficam até quando der, sem nada dar. 

Conheço homens que pagam contas mas que devem amor a juros. Conheço homens que já não pagam nada e que nem sequer apagam a luz. Que dormem e acordam todos os dias com a mesma mulher sem achar isso fantástico. Os homens que eu conheço não acham nada fantástico. 

Está tudo bem para os homens que conheci. Nunca esteve tudo tão bem assim. Os homens que eu conheço esquecem, esquecem que eu os esqueci. Os homens que eu conheço voltam quando querem. E vão, eu num vão de solidão. Os homens que conheço provam a cada dia que são tão homens, são os homens que talvez eu fosse, caso quisesse que o sentimentalismo deixasse de existir.

Ouvi falar sobre homens que descartam relacionamentos incríveis sem nem ao menos saberem explicar o motivo. Que amassam emoções como se fossem papéis usados. Que calam. Que estragam. 

Ironicamente, mal posso esperar para conhecer o que eu já conheci. Os homens que sempre me trombam por aí. 

Conheço homens que dançam, dançam até cair. E levantam, sem nem terem se recuperado da última música. Vão embora, embora fiquem rodeando por aqui. 

Os homens que eu conheço são vazios. E as mulheres que eu conheço estão cheias. Cheias de homens vazios.