quarta-feira, 3 de abril de 2013

Carta Pra Quem Foi Embora.


Você acha mesmo bonito ir embora por aquela porta usando essa mentira ridícula de que “é um homem que não sabe amar”? Seria menos feio se você inventasse que ama outra.
Eu te senti, Fernando. Em cada gesto, pele com pele, sexo e olhar. Você me amou. Você ama. Admite Fernando: você consegue amar. Você tem um fundo humano e sincero. Nele mora o seu lado doce, amigável e muito, mas muito menos cínico que essa pessoa cheia de armaduras que as pessoas conhecem.


Que feio todo esse discurso pronto, previamente ensaiado como se fôssemos uma peça de teatro tosca. Você tem um coração. Queria saber quem é essa pessoa que decorou todas as palavras certas para terminar comigo. Essa pessoa não era você. Ou será que você nunca gostou? Ou será que você nunca sentiu? Pode ter sido, em algum momento.

Quando escrevo isso, me sinto confusa. Como naquela parte da novela, que a mocinha descobre que foi enganada o tempo todo. É estranho e dói, porque em algum lugar sinto que existia amor.

Entenda a prepotência, Fernando, mas nós fazíamos um bom casal. Me diz, que mulher teria a paciência que tive? E mesmo assim, amar plenamente, sorrir com sinceridade – mesmo que em algumas noites, com lágrima nos olhos – e dizer com o maior orgulho do mundo que é feliz com o homem que tem ao seu lado? É preciso muito amor. Você sabe que é.

Você também disse que era melhor pararmos por aí porque você tinha que focar em outras coisas, que por aí vinham tempos difíceis e que no nosso caso, era tão legal nosso namoro, que era disso pra noivado, casamento, filhos… Você pode ter falado isso só para me confortar. Para eu não perder a esperança em ser essa mulher guerreira que sou. Mas será? Eu também concordo com você que mereceríamos um relacionamento linear, distante de toda confusão do dia-a-dia que enfrentamos por gostar demais de viver. No fundo, você sabia que ali, sentado na minha cama, nos apagava e isso não tinha mais volta. Mas não acredito que esse ou outras três desculpas sejam motivos plausíveis. Continuaria sendo melhor que você inventasse que conheceu alguém mais interessante. Ou que estava fazendo sexo com a sua secretária.

Ah, mas de que importa? Talvez eu seja tola por não acreditar em nada que você disse e você simplesmente não ter gostado tanto assim. Meu cérebro grita em negação quando escrevo isso.

Se eu acreditasse que você não me ama, que nós não fomos um casal mais legal e impossível do mundo, aí sim, seguiria em frente com a sensação de missão cumprida. Por enquanto, Fernando, meu coração nem queria porque desgasta demais, mas ele é seu. Você saiu por aquela porta. Agora vai.

P.S: você vai amar outra mulher novamente um dia. E certamente não serei eu. Mas, por favor, não seja incoerente em aparecer na minha vida depois que eu encontrar outro homem ou souber pelo Henrique que estou feliz. Entenda: nós somos para agora.

- Marcella Brafman.

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