segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Sinto saudade.


Sinto saudades de você me buscar na faculdade e me dar a mão só para mostrar aos meus amigos de turma que eu tinha alguém. Sinto falta até de você insistir em carregar minha bolsa e, por mais que eu achasse homem com bolsa de mulher a coisa mais brega do mundo, eu ficava feliz pela sua atitude. Sinto saudades de você me ligar bêbado de madrugada e, mesmo com um barulho insuportável no fundo e com
 tua fala enrolada, você dizia que me amava, mas no dia seguinte nem tocava no assunto como se nada tivesse acontecido.

Sinto saudades de dormir na tua casa com as tuas roupas velhas e achá-las o vestido de noiva mais bonito que eu já possa ter experimentado. Sinto falta até da sua mania de deixar a porta do banheiro aberta, de deixar a tampa da privada levantada e de você, milagrosamente, não conseguir fechar a pasta de dente. Sinto falta até dos velhos copos sujos que você era incapaz de levar até a pia. Sinto falta de perder os meus chinelos sob a cama para, propositalmente, usar os seus e me sentir uma criança brincando com as coisas do pai.

Sinto saudades das tuas mãos – que de bobas não tinham nada – em meio à multidão naqueles shows que íamos juntos. Sinto falta de ficar sóbria ao teu lado e mesmo assim ver o mundo girar como se eu tivesse bebido quatorzes doses de tequila e caipisaquê. Sinto falta de você me colocar no teu colo e aquilo me parecer o esconderijo mais encantado do mundo, como um feto no ventre materno fugindo do planeta perigoso e sombrio lá de fora.

Sinto saudades de estar em véspera de prova, ter ataque de raiva por não saber nada da matéria e você, com seu jeito calmo e seguro, começar a estudar Epistemologia comigo só para me ajudar. Você lia mal e porcamente aqueles textos insuportáveis, mas parecia o melhor professor que já tivera. Sinto falta de sorrir para teus olhos pequenos e tuas sobrancelhas falhadas. Sinto falta até de você rir dos meus dedos dos pés e eu tapá-los sob o edredom, enquanto você gargalhava e me abraçava. Sinto saudades de você me chamando de “neném” ou “bebê”, naquele teu tom irônico que eu detestava.

Sinto falta de te esperar. Sinto falta de te ligar só para ouvir tua voz. Sinto falta trocar SMS sexuais com você. Sinto mais falta ainda de realizar aqueles atos “impuros” contigo. Sinto saudades de te olhar por cima, enquanto nos amávamos – ou trepávamos, como você costumava brincar. Sinto falta da tua respiração, do teu toque e até do teu silêncio ridículo quando chegava de um dia cheio e eu ficava como uma tonta tentando descobrir uma forma de te entreter. Sinto falta de quando você assistia futebol e nem prestava atenção em mim, mas me dava a mão só para sentir a minha presença. Sinto falta de tudo. Porém, sinto mais falta ainda do tempo quando eu também fazia falta para você.


- Hugo Rodrigues.

2 comentários:

Thaís Almeida disse...

FODAAAAAAAAA!

Thaís Almeida disse...

FODA DEMAIS!