quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Quem de Nós dois


Casais com uma história mal contada existem às pencas por aí. Eles eram apenas mais um. Naquele parque que tanto sabia deles, conversavam no que parecia ter sido um encontro casual. Depois de uma briga com o chefe, ele foi espairecer. Antes de seguir para a casa da mãe, ela foi simplesmente dar uma volta ali.

O que tinha acontecido eles sabiam muito bem e não cabe a mim, que não presenciei tudo, ficar dizendo quem tem razão ou não. Ou pra quem faltou razão. Eles se completavam, se gostavam e traziam tudo de maneira leve (talvez o maior segredo para casais que duram muito tempo). Mas, um dia, acabou.

Seguir cada um pro seu lado tem lá suas dificuldades. Tentaram e conseguiram ter êxito naquilo. Já tinham namorado outros, se envolvido com mais alguns e foram levando. Sempre faltando alguma coisa nos outros, só que era impossível admitir o que faltava de verdade. Ou quem faltava.

Lado a lado e sorrindo pela feliz coincidência, esqueceram que dia era, que compromissos tinham, que prioridades tinham urgência. Um pedaço do passado parecendo um túnel do tempo, um buraco de minhoca, estava ali. Lógico que cada um carregava mais linhas de expressões que o normal, mas eram eles mesmos.

Não vou ousar dizer quanto tempo eles ficaram conversando. Sei que foi muito. Eu como autor prefiro deixar que vocês, leitores, imaginem quanto tempo demora para conversar sobre futuro, passado, presente, destino... Os intervalos vão de um piscar até uma vida. Uma coisa era certa: não era complicado ver que a sintonia entre o casal continuava fina.

- Foi tudo tão mais fácil sem você. - ele mandou
- Tá sendo irônico? - ela se assustou com aquilo
- Nunca saberá...
- Deixa de ser criança, parece o velho menino que namorou comigo. - repreendeu.
- Noivou.
- Quê?
- Noivou... a gente tava na boca do casamento e você desistiu.
- Você errou. - como sempre
- Todos erramos.
- Uns mais que os outros. - a culpa era dele, claro.
- Ah, não tô nem aí pra essa conversa.

Ela riu.

Ela riu porque por mais que o tempo tivesse passado e por mais coisas que tivessem vivido, se pagaram conversando sobre eles. Perder de vista um ao outro foi foda. E por que atravessar logo agora o futuro de cada um? Era agora? Era a hora de revirar todo aquele sentimento?

- Desculpa. - ela pediu.
- Pelo o quê?
- Entrar sem querer de novo na sua vida.
- Só perdôo se você aceitar sair comigo pra gente conversar mais.
- É o único jeito de me desculpar?
- É.

Quem vai dizer que é impossível o amor acontecer... de novo?

- G. Lacombe

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