sábado, 22 de setembro de 2012

O Anticorpos Que O Coração Cria.

Uma descarga elétrica, por favor! Meu coração enguiça só de ler o seu nome. Pílulas de autoestima para engolir de oito em oito segundos. Injeções de vergonha na cara. Removam aquelas noites da minha pele no grito, no tapa, na chacoalhada. Belisquem a minha burrice nove vezes, de cabeça pra baixo. Bife cru nos hematomas do meu amor próprio.

Nossa biópsia teve diagnóstico: relação maligna. A distância se amarrando ao tempo, como último recurso de uma cura. Nós em coma por muitas semanas, para que a sanidade combatesse a fantasia que criei. A eutanásia de um amor nunca devolvido.

Você não infecta mais a minha tranquilidade. Meus anticorpos, as recordações daqueles meses, abortando suas aproximações impulsivas e vazias. Boa notícia. Achei que morreria de você.

Não tem mais febre no rosto, quando você chega. Não tem mais arritmia, quando você fala comigo as mesmas palavras; o mesmo discurso; a mesma mentira; o mesmo eu, eu, eu. Não tem mais pontos frouxos do coração esgarçados pelo som da sua voz turista. Não tem mais tentativa de anestesiar o desconforto com embriaguez crônica e muita mão no copo ou no bolso ou no cigarro que tentei fumar; e luz fraca, para que você não radiografasse meu amor hemorrágico. Não tem mais o seu sorriso contaminando as minhas decisões.

O silêncio que você me receitava era dor aguda, menstruando em todas as linhas que um dia escrevi. Sua indiferença intoxicava a minha cabeça com qualquer poltrona vazia no cinema, qualquer beijo público que eu era obrigada a suportar, qualquer copo da cerveja mais vagabunda, que você enxertava como sua única necessidade.

Aos romances sufocados pela vaidade de alguém, aos corações em estado de choque, aos relacionamentos natimortos: meu coração cicatrizado (mas com queloide).

Um comentário:

Bruna Dutra disse...

NOSSA, maravilhoso!
Penso que esse texto não caiu muito bem num dia como hoje.. haha
Adorei.