Como a gente mensura um relacionamento que vale a pena quando continuamos insistindo nos mesmos buracos vazios só pra não nos sentirmos sozinhos? Acho que é isso que tenho tentado fazer. A busca por companhia é tão grande e tão forte, abre tanto um buraco grande aqui dentro, que a gente se desespera e tenta tapar o sol com peneira. Daí vem um e não resolve, a gente tenta outro. Dez. Vinte. Trinta pessoas. Mas as pessoas não são argamassa. E nenhuma delas vai preencher o buraco só porque a gente quer, na hora que a gente precisa, do jeito que a gente espera que seja. Nada é tão fácil assim, muito menos amor. Mas eu não quero desistir.
Eu quero algo que vá além de um encontro casual ou uma paixão ordinária que não subiu a serra, não dobrou a esquina, não bateu na minha porta. Quero um amor que me ensine a amar com calma, bem devagarinho, que tenha paciência com as coisas erradas e os erros que vou cometer pelo caminho.
Quero algo que me faça olhar pra dentro e revirar umas partes que eu mantinha escondidas, que eu tinha medo de mostrar ou encostar porque doía – e vai doer, mas vai fazer bem.
Quero um amor desses que fazem a gente correr no parque às 8h da manhã e ligar para a melhor amiga pra contar sobre o sorriso, o sexo, o cafuné, o tempo espreguiçado na cama com as luzes apagadas. Quero um amor de conchinha (mesmo que eu odeie dormir agarrada).
Quero um amor, por mais que às vezes pareça que não quero, por mais que me esconda por trás de um discurso tão vazio quanto aquele que eu sinto. Quero um amor amado que não seja otimista nem pessimista, desses que falam do copo meio cheio ou meio vazio. Que se danem as metades incompletas! Eu quero mesmo é um amor que transborde.
- Daniel Bovolento, Adaptado.
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