quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Fugindo da Raia




A moça está lá, investindo um tempão dela no cara. Quando os dois saem, se arruma toda, pensa no que vestir, faz todo aquele ritual que nós mulheres conhecemos bem do figurino-maquiagem e, (se a noite prometer), depilação. Já faz dois meses que os dois estão juntos. Ele, todo carinhoso e cheio de atenção. Ela, já começa a pensar aquilo que evitava no começo do rolo, o de que quem sabe ele possa passar de “carinha que eu saio” a namorado. E aí vem a bomba.
A mulher em questão, amiga que não revelo nome por questões de educação, recebe um SMS terminando tudo. Sim, uma mensagem de texto. E, pior, não é a primeira vez que isso acontece com ela. E também não é uma indelicadeza reservada ao universo masculino.
Para você ver como a coisa já se espalhou por aí, outro amigo passou por uma situação bem parecida, mas mais cara de pau. Estava a fim da menina, e sentia uma certa tensão sexual na contramão. Resolveu, depois de umas conversas jogadas fora, convidá-la para sair. Ligou então para seu celular, e engatou a proposta. A moça, que até então estava linda, leve e descontraída do outro lado da linha, engasgou na mesma hora e disse que o chefe havia acabado de entrar pela porta, que ela ligava mais tarde. Vinte minutos depois, ele recebe uma mensagem no Facebook com a bota: “Não vai rolar, tenho namorado”. Não. Vai. Rolar. Tenho. Namorado. Só isso.
Você consegue se lembrar como era sua vida antes da internet? Antes das mensagens de texto? Nem eu. O número de vantagens que a revolução digital trouxe é incontável. Mal consigo respirar no dia em que esqueço meu celular em casa. E sou tão neurótica com relação a isso que, quando ele foi roubado, estava com um novo quarenta minutos depois, com mesmo número e tudo. Ainda tremia com o assalto, mas pelo menos não fiquei atrasada com o Twitter. O problema para mim não é, definitivamente, o excesso de tecnologia.
A complicação toda está no jeito com que lidamos com ela. As relações virtuais viraram tão corriqueiras na nossa vida, que esquecemos que elas deveriam ser apenas uma ferramenta para potencializar o convívio real. Quer dizer que a moça lá em cima, que saiu durante dois meses com o cara, não merecia nem um encontro pra finalizar a coisa? Uma passada na casa dela? Uma ligação que seja? E o moço que ficou interessado por você não tem nem o direito de ouvir o não com a sua própria voz?
Claro que, na internet, é muito mais fácil responder a uma situação desconfortável. Você está do outro lado da tela, sua reação não está sendo vista, medida, julgada. Você tem mais tempo para elaborar a resposta, pensar no que vai dizer, reajeitar as palavras. Mais espaço para ser programado, para não ser você. É mais tempo para deixar a espontaneidade de lado. De minha parte, prefiro levar a lição para vida: fala na cara. É o desafio desta nova geração de adultos escondidos atrás de caracteres – criar coragem de viver no mundo real, e não esquecer que alguns problemas não se resolvem com um unfollow.

- Vana Medeiros, Casal Sem Vergonha.

Você, Eu e Reticências.



 A gente tem alguma coisa linda, que mesmo sem um nome ou rótulo, me faz um bem sem tamanho.

 Nossa magia não é segredo. A gente recebe votos de felicidade, o destino conspira a nosso favor e você me irrita só pra me ver brava. O amor grita e a gente finge que não escuta. Eu, por medo de perder a melhor coisa que eu tenho nessa vida. (...)

- Marcella Fernanda.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A Sensação De Estar Apaixonado



A sensação de estar apaixonado não pede ponto final, nem calmaria amorosa. É turbilhão sem palavras, sem teto de vidro, sem terreno fixo e pés fincados no chão. A gente voa alto. Fica a vontade de que dure pra sempre, e não só quando for terno. Por isso a gente usa três pontos: pra fingir que continua e pra suspender isso tudo no ar. Pra poder olhar pra quem quer seja enquanto a gente dá um breve suspiro e pensa que tirou a sorte grande – quantas vezes forem necessárias. E com o perdão da licença poética: reticenciamos.

- Fonte: http://entretodasascoisas.com.br/2012/10/27/como-e-a-sensacao-de-se-apaixonar/

domingo, 28 de outubro de 2012

Obrigada Por Insistir



Até o mais seguro dos homens e a mais confiante das mulheres já passaram por um momento de hesitação, por dúvidas enormes e dúvidas mirins, que talvez nem merecessem ser chamadas de dúvidas, de tão pequenas. Vacilos, seria melhor dizer. Devo ir a este jantar, mesmo sabendo que a dona da casa não me conhece bem? Será que tiro o dinheiro do banco e invisto nesta loucura? Devo mandar um e-mail pedindo desculpas pela minha negligência? Nesta hora, precisamos de um empurrãozinho. E é aos empurradores que dedico esta crônica, a todos aqueles que testemunham os titubeios alheios e dizem: vá em frente!

“Obrigada por insistir para que eu pintasse, que eu escrevesse, que eu atuasse, obrigada por perceber em mim um talento que minha autocrítica jamais permitiria que se desenvolvesse.”

“Obrigada por insistir para que eu fosse visitar meu pai no hospital, eu não me perdoaria se não o tivesse visto e falado com ele uma última vez, eu não teria ido se continuasse sendo regida apenas pela minha teimosia e orgulho.”

“Obrigada por insistir para que eu conhecesse Veneza, do contrário eu ficaria para sempre fugindo de lugares turísticos e me considerando muito esperta, e com isso teria deixado de conhecer a cidade mais surreal e encantadora que meus olhos já viram.”

“Obrigada por insistir para que eu fizesse o exame, para que eu não fosse covarde diante das minhas fragilidades, só assim pude descobrir o que trago no corpo para tratá-lo a tempo. Não fosse por você, eu teria deixado este caroço crescer no meu pescoço e me engolir com medo e tudo.”

“Obrigada por insistir para eu voltar pra você, para eu deixar de ser adolescente e aceitar uma vida a dois, uma família, uma serenidade que eu não suspeitava. Eu não sabia que amava tanto você e que havia lhe dado boas pistas sobre isso, como é que você soube antes de mim?”

“Obrigada por insistir para que eu deixasse você, para que eu fosse seguir minha vida, obrigada pela sua confiança de que seríamos melhores amigos do que amantes, eu estava presa a uma condição social que eu pensava que me favorecia, mas nada me favorece mais do que esta liberdade para a qual você, que me conhece melhor do que eu mesma, apresentou-me como saída.”

“Obrigada por insistir para que eu não fosse àquela festa, eu não teria agüentado ver os dois juntos, eu não teria aturado, eu não evitaria outro escândalo, obrigada por ficar segurando minha mão e ter trancado minha porta.”

“Obrigada por insistir para eu cortar o cabelo, obrigada por insistir para eu dançar com você, obrigada por insistir para eu voltar a estudar, obrigada por insistir para eu não tirar o bebê, obrigada por insistir para eu fazer aquele teste, obrigada por insistir para eu me tratar.”

Em tempos em que quase ninguém se olha nos olhos, em que a maioria das pessoas pouco se interessa pelo que não lhe diz respeito, só mesmo agradecendo àqueles que percebem nossas descrenças, indecisões, suspeitas, tudo o que nos paralisa, e gastam um pouco da sua energia conosco, insistindo.

 - Martha Medeiros.

Oito Ensinamentos de How I Met Your Mother



A série mostra a história de um grupo de amigos através da narrativa de Ted, que conta aos filhos como conheceu a mãe deles.

É uma série muito divertida e intrigante. Nos proporciona alguns ensinamentos ao decorrer dos episódios. Recomendo pra quem tiver tempo livre.

Como diria Barney Stinson, ela é legen.. wait for it.. dary!

Abaixo, alguns dos aprendizados mais marcantes.
01 >> Nada de bom acontece depois das 2 da manhã(1ª temporada – 18º episódio)
O que diz: Quando passar das 2 horas da manhã, apenas vá dormir. Geralmente decisões tomadas após essa hora são as erradas e talvez seu bom senso esteja dormindo. Barney acha exatamente o contrário e diz que depois das 2 é que as coisas se tornam Legen… wait for it… dary!
Algumas observações: Uma das poucas pessoas que teriam motivos para concordar com o Barney é a Lucy do Como se fosse a primeira vez, fora isso, se você precisa de ideia para o seu projeto e ela não vem, vá dormir, relaxar e na manhã seguinte você acordará melhor.
02 >> The Freeway Theory (A teoria da estrada)(2ª temporada – 12º episódio)
O que diz: Relacionamentos são como estradas, há saídas e desvios, permitindo que você tenha a oportunidade de cair fora. Segundo o Barney elas acontecem: 6 horas depois de conhecer alguém, tempo suficiente para passar um tempo com a pessoa e conhece-la um pouco mais, depois de quatro dias, três semanas, sete meses, um ano e meio, dezoito anos e a última saída é a morte.
Algumas observações: Tudo tem sua hora de cair fora, seja relacionamentos ou qualquer outra escolha que você faça! Isso também acontece quando você começa a ver novela, pode assistir só o primeiro capítulo, esperar a primeira semana acabar para dar tempo de falar mal da história ou de como aquela atriz tá horrível ou pular fora quando a história tá devagar, mas aí você se envolve e quer saber Quem matou Salomão Hayala?
03 >> Hot vs crazy scale(3ª temporada – 5º episódio)
O que diz: Uma garota pode ser maluca, desde que seja igualmente quente. Ela precisa estar sempre acima da chamada diagonal Vicky Mendonza, uma garota que Barney saía e vivia “pulando amarelinha” nessa linha, pois a cada atitude maluca ela compensava fazendo algo que a deixasse mais gostosa, o que acabava valendo a pena!
Algumas observações: Também conhecida como lei da compensação e não apenas na relação crocs/saia curta. Para quem está de dieta, vale a pena abrir uma exceção para a comida muito ~gorda~ se ela for muito gostosa. Quando você compra um produto que viu na TV e ele promete coisas impossíveis, precisa vir com vários brindes inúteis para valer a… Não, nem assim!
04 >> The platinum rule (O mandamento de platina)(3ª temporada – 11º episódio)
O que diz: “Nunca, nunca, nunca, nunca ame o próximo” e entenda como próximo aquele que você vê regularmente, caso contrário você verá a relação ir para o buraco em 8 passos:
1º Passo: Atração instantânea.
2º Passo: Negociação – Você vê vantagens, acha que com você será diferente e dará tudo certo.
3º Passo: Submissão – Você acha que se tudo der errado você pode voltar atrás, mas até aqui tudo sai incrivelmente bem.
4º Passo: Benefícios – Você vê os benefícios e acha que quebrar a regra foi um bom negócio.
5º Passo: Quando perde a graça – Você começa a enjoar e querer mais espaço.
6º Passo: Purgatório – Você percebe que foi um erro e se sente preso a situação.
7º Passo: Confronto – Chega a hora de ter uma conversa e dar um fim a situação.
Terminaria aqui se fosse um relacionamento com uma pessoa qualquer, mas como você se envolveu com alguém que já era próximo de você:
8º Passo: A Ruína – Quando você percebe que a convivência pós-relacionamento pode não ser tão fácil.
E aí Ted acrescenta um 9º Passo: Co-existência – Com o tempo você percebe que o sofrimento e as situações desagradáveis ficaram no passado e você pode conviver pacificamente com aquela pessoa novamente.
Algumas observações: Isso aconteceu com o Barney e a garçonete, Robin e o colega de trabalho e até com Lilly e Marshall e seus vizinhos! Mas seria exatamente assim trabalhar com amigos/familiares. No começo é tudo lindo e maravilhoso, só vantagens e certeza que nada dará errado com você. Cuém cuém cuém. Duplas sertanejas desconhecem o conselho do tio Barney! :(
05 >> The chain of screaming (A cadeia do grito)(3ª temporada – 15º episódio)
O que diz: Você grita com alguém para aliviar a tensão pela grosseria que ouviu de outra pessoa. Ao invés de brigar de volta, você apenas grita com outro alguém, que vai gritar com outro alguém.
Algumas observações: Sabe a ciranda do amor e João que amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria e por aí vai? Bem, imagine Maria que gostava de outro e desconta suas frustrações no Raimundo. Raimundo por sua vez não desconta em Maria, desconta em Teresa que desconta no João. Se Maria gostasse de João, provavelmente seria nela que ele iria descontar e aí completaria a cadeia e ficaria nesse ciclo eterno até alguém parar e pular fora. Entendeu agora porque não existe amor em SP?
06 >> Revertigo(3ª temporada – 16º episódio)
O que diz: É quando você encontra uma pessoa do passado e como em um passe de mágica você volta a agir se ainda estivesse naquela época.
Algumas observações: Por favor, se você for a um show de uma boyband com suas amigas do colégio, não vista calça cargo, nem fale como uma adolescente mimada e não, o Nick não vai casar com você!
07 >> The cheerleader effect (Efeito animadora de torcida)(4ª temporada – 7º episódio)
O que diz: É quando há um grupo de garotas e elas parecem lindas & absolutas, como acontece com líderes de torcida, mas só porque você as enxerga como um todo. Se for analisar cada uma separadamente você verá que não são tão bonitas assim ou como diria o Barney, são como “cães sarnentos”.
Algumas observações: Isso acontece toda vez que você vai ao shopping e vê uma vitrine tão incrível que seria capaz de levar tudo. Então você entra na loja e ao olhar cada peça você pensa que nem Agostinho Carrara teria coragem de usa-las.
08 >> Mito das Sereias(6ª temporada – 11º episódio)
O que diz: Barney conta para Marshall que quando marinheiros ficam presos em um barco por muito tempo sem companhia feminina, eventualmente os peixes-boi começam a se parecer com sereias. Resumindo: não importa o quão repugnante uma mulher se pareça no começo, há o relógio da sereia, que é o tempo que você leva para perceber que quer algo a mais com ela.
Algumas observações: Também funciona com a programação da TV. Você é superior demais para discursos de quem aconselha a usar filtro solar ou para contar quantos sabonetes pegam na banheira, mas quando menos esperar você estará votando no seu BBB favorito e ainda usando camiseta com foto no dia da eliminação.
Tic tac, tic tac, meu amigo!

sábado, 27 de outubro de 2012

Ser Feliz.



Ser feliz é encontrar os amigos e passar o dia conversando.
É perceber que aproveitar não requer muito dinheiro, nem festas bombásticas.

Ser feliz é se sentir tranquilo mesmo na solidão.
É entender que a vida é feita de momentos e são esses momentos que ficarão marcados para sempre na nossa memória.

- Por Tatianna Reiniger. Inspirado no Texto de Larissa Gentil.

Não Vou Pedir Nada.



'Eu não vou te pedir nada. Não vou te cobrar aquilo que você não pode me dar. Mas uma coisa, eu exijo. Quando estiver comigo, seja todo você. Corpo e alma. Às vezes, mais alma. Às vezes, mais corpo. Mas, por favor, não me apareça pela metade. Não me venha com falsas promessas. Eu não me iludo com presentes caros. Não, eu não estou à venda. Eu não quero saber onde você mora. Desde que você saiba o caminho da minha casa. Eu não quero saber quanto você ganha. Quero saber se ganha o dia quando está comigo.'

- Caio F. Abreu.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Eu Não Te Amo Pra Sempre



Eu tenho medo do pra sempre. O pra sempre é o vilão que insiste em transformar relações que foram felizes em fracasso diante dos olhos alheios. Paro e penso quanto tempo dura o pra sempre. Onde fica esse lugar do qual a gente passa a vida toda falando, a vida toda sonhando. De fato, nunca conheci alguém que tivesse estado lá. O pra sempre tem cara de mentira consciente. A gente sabe que não sabe chegar lá. Tentamos inventar caminhos, usar o GPS, pedir informação. Mas ninguém sabe informar.
O pra sempre virou quase expressão automática, que nem o Graças a Deus. A gente fala muitas coisas que não achamos que sejam obra de Deus – não estávamos exatamente agradecendo, mas quando vimos saiu. O pra sempre é assim também. Vou te amar pra sempre. Quero você pra sempre. Sempre que pronuncio uma dessas frases, meu cérebro alerta para a besteira que acabei de dizer. Não seja ridícula, ele afirma. Pra sempre é uma coisa distante demais, longe demais. Porque eu nem sei se vou acordar amanhã. O quadro que enfeita meu quarto, e que só encaixou em cima da minha cama, pode despencar a noite e partir minha cabeça em duas. E comigo, vai-se o pra sempre. Ou eu posso acordar e receber uma ligação sua dizendo que não me ama mais. Que não sabe o que aconteceu. De repente, acha que meu beijo ficou molhado demais. Ou que a forma como falo e mexo no cabelo está te dando nos nervos. E aí vou chorar pitangas no canto, eu e o pra sempre.

E, por isso, tenho que dizer que não te amo pra sempre. Te amar pra sempre é pesado demais. É responsabilidade demais. Não sei se aguento o fardo, não sei se dou conta. Não gosto de meias promessas. Mas posso te oferecer o meu amor de hoje, assim como fiz com o amor de ontem. Todos os dias quando acordo, penso que sorte tenho de estar viva. Mais uma noite em que o quadro manteve seu posto de decoração, invés de se tornar um assassino. E penso também em você. E penso, como tenho pensado há algumas centenas de dias, que te amo. Poderia ser diferente. Poderia não amar mais. Mas te amo.

E acho que amor seja que nem um carro – precisa de combustível pra funcionar. Se você não abastece, ele te deixa na mão em meio à Marginal às 6 da tarde, enquanto você ia pra aquela reunião importante. E não adianta xingar os quatro cantos, achar que a vida é injusta, que nada dá certo pra você. Você não colocou combustível. Menosprezou as necessidades do carro, assim como menosprezamos as necessidades do amor. Amor precisa de alimento. Não ache que ele dura pra sempre se você não cuidar. Amar dá trabalho mesmo. É que nem cachorro. Dá um trabalho enorme, mas você automaticamente esquece dos xixis no sofá ou do tapete rasgado quando ele te olha nos olhos e te tasca uma lambida. Aí você tem certeza que valeu a pena.


A gente combinou que não mentiria para o outro. E eu não posso te dizer que vou te amar pra sempre. Estaria quebrando o contrato. E não quero te ouvir dizer que me quer pra sempre. Não gosto de identificar uma mentira em meio a todo o resto que considero verdadeiro. Quero sim ouvir eu-te-amo. Muitos deles. Mas preciso ter a certeza que cada vez que um eu-te-amo sai da sua boca foi porque, naquele exato momento, você está me amando muito. Porque cada eu-te-amo que solto, vem naqueles momentos em que o amor é tão grande, que não cabe dentro de mim. Não cabe também dentro dos beijos. Nem dos carinhos no seu cabelo. Nem daquela pegada no seu pau. E aí ele pula pra fora, verdadeiro e explosivo.

E, nesses momentos em que te amo demais, me dá uma vontade imensa de dizer que te amo pra sempre. Que vou amar pra sempre aquela conchinha gostosa. Que vou amar pra sempre o jeito como você me pega com força e me abraça com seus braços grandes. Que vou amar pra sempre seus conselhos que sempre se provaram coerentes. Que vou amar pra sempre quando você percebe que eu estou sem sono e faz aquele carinho infalível na minha nuca, pra eu pegar no sono com você. Mas me seguro, porque não quero mentir pra mim e nem pra você. Não consigo imaginar o dia em que não mais amarei cada pedacinho seu. Mas a experiência me provou que dessa vida, nada sei.

Hoje eu vibro com cada uma dessas coisas que me fazem te amar. E sei que te amo porque você tem a capacidade de fazer cada célula do meu corpo vibrar como ninguém mais conseguiu. Mas não posso te dar o que não possuo – o meu amor futuro. E talvez a incerteza do sentimento – do meu e do seu – seja justamente o combustível do meu amor. Sei que amo hoje. E sei que você não me pertence. Sei que estamos juntos nessa trajetória emocionante da vida porque assim queremos. E que assim seja enquanto as mãos dadas nos fizerem felizes.

- Jaque Barbosa, Casal Sem Vergonha.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O Looping das Relações Amorosas.


O poder de ter algo que sempre se buscou nas mãos causa uma estranha reação nos seres humanos. Algo curioso, que desafia o raciocínio lógico. Como se o guepardo usasse todas as células do seu corpo para alcançar o cervo e, assim que o tivesse dominado, largasse a caça, a esmo, para ser devorada por outros predadores. Esse fenômeno curioso acomete os humanos na vida e, principalmente, nos relacionamentos.
Assim que detectamos a presa, ela parece se transformar na coisa mais importante de nossas vidas. O coração dispara, a boca seca, as mãos suam, a voz trava na garganta. Alguns descrevem, inclusive, a sensação de ter o estômago povoado por borboletas. A euforia do início de uma paixão provoca reviravoltas no corpo e na mente. Tamanha determinação em direção a um alvo, na maioria das vezes, termina em sucesso. E então, quanto temos aquele que um dia parecia apenas um sonho distante, sentado do nosso lado no sofá comendo pipoca numa sexta a noite, a calma volta a reinar dentro de nossos seres. O coração retoma seu compasso. A mente volta a funcionar depois de um período em pane. Não é por acaso – estudos mostram mesmo que se os sintomas da paixão durassem por muito tempo, nosso corpo entraria em colapso.
Mas paixão é como droga – dá sempre vontade de mais uma dose, de mais um trago. De repente olhamos para aquele ser que amamos, com quem dormimos agarrados, com quem dividimos o último pedaço do bolo preferido, e vemos que ali há tudo, menos a sensação de euforia do começo. Como a roupa nova que, no início parecia nos deixar mais bonita mas que, depois de um tempo de uso, perde o poder de despertar o que há de melhor na gente e vira mais uma peça como as outras no armário, sem brilho.
E nessas, seguimos trocando o quentinho do amor pela adrenalina da paixão. De repente todo o amor daquele que se importou o bastante pra ficar parece não ser o bastante pra matar nossa fome. Ingratos que somos, agimos como filho mimado que abre a geladeira cheia de coisas e resmunga que não tem nada de bom pra comer. Trocamos parceria pelo frio na barriga. Menosprezamos quem nos cuida.


Sim, temos todo o direito (e na verdade, a obrigação) de perseguirmos aquilo que nos faz feliz. Temos apenas que ter cuidado para não cairmos na armadilha da mente e do ego. Ao menosprezarmos aquele que amamos e que nos ama em troca da euforia do início, estamos, relacionamento após relacionamento, desperdiçando a chance de viver relações profundas e significativas. E então, é possível constatar que não amamos o outro – amamos em primeiro lugar o nosso ego. Não conseguimos resistir à tentação do jogo da conquista, do flerte, do nosso poder de dominarmos as pessoas. Enganados pelas peripécias da mente, dispensamos nossos amores por acharmos que o que tem lá fora é sempre mais interessante.
O irônico é que o jogo de conquistas, assim como o amor quentinho, também cansa uma hora.  E então começamos a lembrar de como era bom ter um cúmplice do lado. De como aquela conchinha era acolhedora. De como o sexo com intimidade era gostoso. De como as conversas eram enriquecedoras. De como o café da manhã compartilhado tinha mais sabor. De como era bom ter alguém pra quem ligar pra contar as notícias boas e as nem tanto.
E, adivinha?
Saímos mais uma vez em busca daquilo que não temos.
As paixonites já não nos satisfazem mais. Queremos alguém pra chamar de nosso. Nos cansamos dos joguinhos, da insegurança, de não saber o que passa pela cabeça do outro, das baladas, das pessoas que somem sem motivo, dos casos que não dão em nada, dos sexos frígidos. E então, nossa meta passa a ser buscar alguém com quem dividir a cama e a vida. De novo.
O lado bom é que temos o poder de escolha. Quando entendemos que é o amor, e não as manipulações ou as máscaras,  o remédio pra todos os males do mundo, então podemos  nos permitir amar. Sem ansiedade. Sem siricutico. Sem achar que o que dura muito é ruim. Sem a angústia de querer um prato novo em cada refeição. Quando aprendemos a usufruir da calmaria do amor,  nos desalienamos e conseguimos enxergar por trás da névoa perigosa do ego – só então somos finalmente capazes de sair desse ciclo vicioso de amores e dores. E só então podemos ter o prazer de usufruir da única coisa real que temos na vida – o agora.


sábado, 20 de outubro de 2012

Eu sei, mas não devia.




Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. 

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

- Marina Colasanti

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Cinquenta Tons de Descoberta



Um livro que te prende e te conquista.

Vejo por aí, muitos comentários infantis dizendo que é pura sacanagem esse livro. Mas não é. 

Cristian Gray é um homem poderoso, apaixonante e tem suas preferências. Mas ele não faz nada que a protagonista, Anastasia Stelle não deseje. Para isso, ele possui um contrato definindo os limites rigidos e brandos. É como se fosse um namoro, exceto que está escrito tudo o que se pode e o que não pode ser feito. Acredito que os relacionamentos funcionariam com mais sucesso se as regras fossem tão bem definidas.

A autora, através da descrição dos detalhes, nos leva a imaginar com muita nitidez a história.


Esse, é daqueles livros, que você se flagra com aquele 'sorrisinho', enquanto lê.


Eu, simplesmente, adorei! E já estou lendo a continuação da Trilogia, o Cinquenta Tons Mais Escuros.


- Resenha para o Site Skoob - Viciados Em Livros. http://www.skoob.com.br/usuario/560798-tatianna



Trechos do livro 50 Tons de Cinza:

'Ele sorri. Revelando dentes brancos perfeitos. Ele é mesmo bonito. Ninguém deveria ser tão atraente.'

'Feliz está longe de começar a dar a idéia de como eu me senti. Êxtase arrebatador chega perto.'

'Porque, no fundo, reconheço em mim uma compulsão arraigada para ser amada e prezada.' 

domingo, 14 de outubro de 2012

Pedaço de Bolo.



Mulher comendo bolo

Ele não ligava, nem mandava mensagem durante semanas. Mas tinha uma mania sacana de aparecer quando ele já tava quase desaparecendo da minha cabeça. Era carência, tava na cara – e faltava vergonha na minha, porque eu sempre acabava cedendo. Não me dava valor e ainda ficava indignada por ele não dar também. Eu aceitava ser a última opção e ainda tinha a cara de pau de espernear e choramingar por ai usando a maldita frasezinha clichê de que nenhum homem presta. Claro que ele não ia prestar, pra que prestar com alguém que transpirava falta de amor próprio? Ninguém ama quem não se ama, ninguém respeita quem não se respeita – doloroso, mas verdadeiro. E quando você não tá na onda de ser amada, ta tranquilo - um supre a carência com o outro e fim de papo. Mas eu tava afim de sentimento, tava super na onda de mãozinha dada e ligação de madrugada só pra ouvir um ''tava pensando em você''. E claro que ele não ligava, a gente quase sempre só pensa antes de

dormir em quem causa aquele nervosinho de incerteza dentro do nosso peito – e eu tava sempre ali, um poço de certezas, não tinha porque ele pensar. Muito menos ligar. E foi ai que eu mudei. Parei de aceitar o último pedaço do bolo, se o primeiro pedaço não fosse pra mim, eu simplesmente ia embora da festa – não me servia mais. E olha só que mágico, ele nunca me chamou pra tantas festas e nunca vi alguém me oferecer tantos pedaços de bolo – a mágica só não foi tão boa porque eu simplesmente não queria mais. Não queria mais mágica, não queria mais bolo, não queria mais ele. Quando a gente passa a se valorizar a gente consegue enxergar nitidamente quanto os outros valem – e ele valia tão pouco, desencantei. Peguei meu coração e coloquei ele lá no topo de uma árvorezinha danada de alta, e vou te falar, nunca vi tanta gente disposta a escalar – homem adora um desafio. Pois bem, que vença o melhor!

- Teca Florencio.


Liberta.

 Pessoas mentem mais via mensagem de texto
O celular vibra e é ele, com sua mais nova artimanha pra me desapontar e enlouquecer: Sms. Mas tudo bem, porque nada que ele fizesse era capaz de me surpreender àquela altura do campeonato. Nenhum vacilo era novo ou inovador o suficiente pra me arrancar uma última lágrima cansada. Não tinha mais esperança, confiança, borboletas no estômago. O fim tava tão claro, acenando pra nós e tão difícil de se aceitar, ainda assim. Eu tentei por vezes ir embora, Deus é testemunha do quanto eu estava decidida. Eu ia mesmo, tava pronta. Mas com ele assim, rebatendo, relutando, me afundando de volta... Como eu ia seguir definitivamente em frente, nessas condições? Apesar dos pesares, não ia conseguir ser feliz impondo um ponto final, deixando o meu maior amor sangrando no chão e sujando o que restou da gente. É só costume, meu anjo, vai passar, confia em mim. E um dia você vai perceber o quão injusto e pequeno é a gente se privar de novos amores, presos numa re
lação que não é capaz de preencher nenhum de nós dois. Adiar a felicidade, pra sermos infelizes juntos, nessa tortura sem fim. Mais um dia pra que, me diz? A gente acabou, só não vê quem não quer. Talvez daqui a alguns anos, daqui a algumas vidas, quem sabe finalmente damos certo? Se isso não é o fim, é o amor mais triste e vazio que já se teve notícias. Sem nada pra se sustentar além de dor, sem acreditar em promessas ou futuro, ali, existindo por existir. Não faz eu partir sozinha e te mandar notícias de uma vida feliz sem você. Porque eu vou, juro que eu vou, já ultrapassei todos os meus limites aqui. Talvez toda história seja assim, me pego pensando. Os dois não entram juntos, muito menos saem. E não me soa tão injusto, porque quem entra primeiro merece uma saída privilegiada, com menos cicatrizes. Fim, só, talvez até simples, com certeza melhor assim. E em nome do teu apego à liberdade, deixo meu último apelo: Me liberta. Se liberta. Liberta o nosso amor.

- Marcella Fernanda

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Você não devia dedicar uma trilha sonora aos seus amores.




Uma vez uma amiga que acabava de romper com o namorado contava como se sentia todas as vezes em que ouvia a sua banda favorita. Ela disse que os sentimentos vinham num misto de raiva e de impaciência – até passar pelo coração quebrado e os choros esporádicos num karaokê de rodoviária. O problema é que ela tinha o costume de dedicar músicas especiais a cada relacionamento que mantinha. E escolhia justamente as suas bandas favoritas para isso. Meio que era uma forma de personificar aquele amor todo que ela sentia e transferir isso pra algo que ela gostava mais ainda: música.
O problema todo era quando ela rompia. Ele ia embora e ela jogava todos os vinis e cds no lixo. Não adiantava. O coração dela tinha ouvido seletivo. Se ouvisse um chiado daquela canção que lembrava o tal italiano de olhos verdes, ou daquela outra que lembrava o guitarrista falido da banda da esquina: pronto. Era uma raiva descontrolada e uma agonia impaciente para avançar até outra faixa. O iPod Shuffle foi uma das tecnologias sentimentais que mais mexeram com ela. O imprevisto do que poderia surgir era absurdo. Até terapia a coitada teve que fazer para conseguir lidar com a dor da perda. Da banda, é claro.
Na hora da separação, eles não levam só as caixas com aquele casaco que você deu e os livros que fez questão de escolher a dedo na livraria. Não levam embora só os presentes, um punhado de palavrões e aquele seu bendito agouro – escondido dentro de algum dos bolsos da calça – de que sejam infelizes bem longe dali. Que nada. O problema mesmo é quando os seus ex-amores vão embora e levam a sua trilha sonora favorita junto. Vira síndrome de ringtone, caro leitor. Que de tão maçante e repetitivo, acaba enjoando e criando uma aversão inexplicável. Isso mesmo. Aversão àquela música que você ouvia umas trinta vezes ao dia só no caminho do trabalho.
Ainda existem aqueles que sequestram os seus gostos musicais e dedicam a sua música preferida pra outro amor qualquer da vida. Traição imperdoável! Será que vocês são tolos a ponto de nunca perceber isso, ex-amores? Aposto que os tímpanos de quem ouve a nova música estourariam – se a gente pudesse fazer isso. Só a gente sabe como demora pra lidar com o desapego da banda favorita. E tudo por culpa de alguma ex que resolveu gostar da mesma banda. Ou culpa daquele momento – ou armadilha – em que a gente diz que é nossa música.
Janis Joplin tocando ao fundo entende perfeitamente essa coisa toda enquanto pede pra levar um pedaço do coração dela. E fica meu apelo aos meus futuros ex-amores: levem um pedaço do meu coração, que seja. Mas deixem as minhas músicas empilhadas na playlist. Já não basta esse shuffle todo que a gente vai sofrer com o término, a gente ainda vai ter que evitar algo que faz tão bem? E aos outros, eu deixo um aviso: vocês não deviam dedicar as suas bandas favoritas aos seus amores. Porque lidar com términos e ex é coisa certa na vida de qualquer um. Mas nada dói mais do que perder o agrado musical da sua banda favorita.